Astrologia para o Hemisfério Sul - reflexões sobre algumas adaptações necessárias
- Fabio Lorenzi
- 23 de mai.
- 3 min de leitura
A Astrologia como interpretação de fatos astronômicos não nasceu em um lugar específico do mundo, dentro de uma tradição de uma única e específica cultura. A Astrologia é o esforço do ser humano de entender melhor a si mesmo e ao mundo, através da observação dos fenômenos astronômicos. Essa observação permitiu ao ser humano de entender os ciclos celestes, de formular a medição do tempo, e aprofundar as relações entre céu e terra, levando a um melhor entendimento dos ciclos naturais.
Porém, a Astrologia que é mais comum aqui no Brasil hoje em dia é uma Astrologia ligada a um contexto e uma cultura específicos: nasceu com os Sumérios e os Babilónios, se aprofundou com os Egípcios, teve uma síntese e avanços com o mundo Grego e Árabe, foi mantida e aprofundada na idade média e moderna europeia. Essa Astrologia se desenvolveu ao longo de milênios dentro de um contexto geograficamente limitado: o hemisfério norte, e a zona temperada-tropical. De lá foi levada para o resto do mundo e trazida para o Brasil.
Ao definir o conceito de Signo esses povos usaram primeiramente uma definição astronômica: o Signo é um doze avo do percurso anual do Sol (veja o Tetrabiblos de Ptolomeu, Livro I, Cap. 10). A definição não é sideral, como acontece por exemplo na Astrologia Vêdica, que considera as estrelas fixas, mas é tropical, baseada nas mudanças do ciclo iluminativo do Sol, ou seja, nos equinócio e solstícios: nas estações. Astronomicamente, um signo é um terço de uma estação.
O significado Astrológico, interpretativo, se constriuiu a partir da análise das relações entre o céu e a terra, os ciclos celestes e os ciclos naturais. Por isso Áries é o signo do começo da Primavera, regido por Marte: ele expressa o (re)nascimento das forças impulsivas e desordenadas do começo da primavera. Continuando com o triângulo de fogo, Leão é o signo do auge do verão, momento de máxima expressão do Sol, que rege justamente esse signo. Sagitário é o signo que fecha o ciclo do outono, que é a época do ano de transformações profundas e renovamento interior, preparando o solstício invernal. Algo análogo e semelhante vale para todos os signos da roda do zodíaco.
Então os significados dos signos são diretamente derivados das estações e da relação céu-natureza.
Como fica isso no Hemisfério Sul? Temos que pegar uma disciplina nascida e desenvolvida em um outro contexto e aplicá-la sem mudanças, ou precisamos repensar alguma coisa? A referência sazonal mantém seu valor ou se perde? O Signo de Áries se mantém ligado ao equinócio de Primavera (referência astronômica) ou estará ligado ao equinócio de Março (e o calendário gregoriano é uma referência humana, não astronômica)?
Os signos são um fenômeno puramente celeste, independente da Terra e, portanto da estação? Mas se for isso, por que a definição de signo é diretamente derivada das estações?
Faz sentido colocar Sol como regente do signo do meio do inverno do hemisfério Sul?
Esse texto, um dos primeiros do blog, quer trazer mais perguntas do que respostas, e quer mais estimular o debate do que fechá-lo. Acredito que seja extremamente importante enfrentar essas questões, que muitas vezes são pouco tratadas não apenas no Brasil, mas no hemisfério Sul no geral.
Vou deixar aqui o link a algumas lives onde tratamos essa questão, e queremos saber sua opinião, aqui nos comentários!
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